Conférence “Lazare défiguré : le dépassement de la pensée comme condition politico-littéraire d’une communauté lazaréenne”

Lazare défiguré : le dépassement de la pensée comme condition politico-littéraire d’une communauté lazaréenne

RESUMÉ

Tout au long de l’œuvre blanchotienne, l’apparition du personnage de Lazare est remarquable. Figurant une autre version du Lazare biblique, ce personnage préfigure la mort elle-même, comme sujet et objet d’elle-même, en ressuscitant à la mort et non à la vie. De sa première apparition, dans Thomas l’Obscur (1941) à sa dernière, dans « Le grand refus » (1959), Lazare concentre en lui – outre les questions pertinentes sur la mort dans son rapport au hors-sens et les mutations propres à la parole littéraire – plusieurs des réflexions centrales de l’œuvre de Blanchot : le neutre, l’expérience, la nuit, l’énigme, le travail, l’altérité et la communauté. Je me tourne ainsi vers les œuvres dans lesquelles la présence de Lazare est toujours annoncée alors que l’enjeu est la parole dans son ambivalence affirmative/négative, évoquant ainsi la résurrection comme opération littéraire. Ces passages se présentent comme une carte dans l’œuvre de Blanchot, qui fonctionne comme un guide, pour moi, et selon lequel je couds le tissage du présent texte. Après avoir délimité ces passages, je me consacre à étudier la fortune critique et littéraire de l’œuvre de Blanchot dans cette perspective lazareenne. A partir de là, j’établis des chemins par lesquelles je retrouve Lazare chez Blanchot et, au-delà de ces traces, je formule et situe des concepts, parfois les miens, pour penser ce personnage. Concepts qui dialoguent et partent de la marche du personnage – soit à partir de la notion de pas, soit de la façon dont Lazare marche dans l’œuvre de Blanchot – et qui se rattachent, enfin, aux notions de vagabondage, d’étranger, d’immigré, entre autres groupes marginalisés. Des groupes qui constituent, dans ce travail, ce que j’appelle, à partir de la lecture critique de l’argument de la communauté blanchotienne, la communauté lazareenne. Par conséquent, dans ce travail, j’analyse toutes ces perspectives inscrites sous ce Lazare, en les situant dans leur caractère politique, artistique, aphoristique et toujours, toujours sous les dimensions performatives de la parole littéraire.

Lázaro desfigurado: o ultrapassamento do pensamento como condição político-literária de uma comunidade lazareana

RESUMO

Ao longo da obra blanchotiana é notável a aparição do personagem Lázaro. Figurando uma outra versão do Lázaro bíblico, esse personagem prefigura a morte mesma, enquanto sujeito e objeto de si, ao ressuscitar para a morte e não para a vida. A partir de sua primeira aparição, em Thomas L’Obscur (1941) até a sua última aparição, em “Le grand refus” (1959), Lázaro concentra em si – além das questões pertinentes à morte em sua relação com o fora do sentido e das mutações próprias à palavra literária – muitas das reflexões centrais da obra blanchotiana: neutro, experiência, noite, enigma, obra, alteridade e comunidade. Desta forma, volto-me para essas obras em que a presença de Lázaro é anunciada sempre quando o que está em jogo é a palavra em sua ambivalência afirmativa/negativa, evocando assim a ressurreição como operação literária. Essas passagens se mostram como um mapa na obra de Blanchot, que funciona como um guia, para mim, e segundo o qual eu costuro a tessitura do presente texto. Delimitadas essas passagens, me dedico em investigar a fortuna tanto crítica quanto literária da obra blanchotiana sob essa ótica lazariana. A partir disso, estabeleço caminhos pelos quais encontro Lázaro em Blanchot e, para além destes rastros, formulo e situo conceitos, por vezes próprios, para pensar esse personagem. Conceitos estes que dialogam e partem do caminhar do personagem – seja a partir da noção de pas, seja pela forma como Lázaro caminha pela obra blanchotiana – e que se liga, por fim, às noções de vagabondage, de estrangeiro, de imigrante, entre outros grupos marginalizados. Grupos que constituem, neste trabalho, o que chamo, a partir da leitura crítica do argumento da comunidade blanchotiana, de comunidade lazariana. Portanto, neste trabalho, analiso todas essas perspectivas inscritas sob esse Lázaro, situando-as em seu caráter político, artístico, aforístico e sempre, sempre sob as dimensões performativas da palavra literária.

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