APEB-Fr apoia o manifesto do Coletivo Por que Cantamos? na luta contra a violência policial

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 APEB-Fr apoia o manifesto do Coletivo Por que Cantamos?
na luta contra a violência policial

 

A APEB-Fr vem apoiar o manifesto do Coletivo Por que Cantamos? – Pesquisadores(as) e estudantes reunidos(as) na França – Paris 2013, denunciando a brutalidade que tem caracterizado a atuação da polícia, sobretudo no contexto das manifestações sociais que têm mobilizado o Brasil desde o mês de junho do ano corrente. Esse posicionamento da APEB-Fr é coerente com a própria história de nossa associação, concebida em 1984 como instituição acadêmica engajada nas lutas pela democratização do país. Assim, nos unimos às manifestações de repúdio à ação policial enquanto estratégia de repressão política contra manifestações legítimas e fundamentais a qualquer sociedade democrática.

Diretoria da APEB-Fr

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Fragilidade da democracia no Brasil
Manifesto contra a violência e a repressão policial

                                                                                  

A violência policial contra os protestos que vêm ocorrendo no Brasil, desde junho de 2013, deixa claro os limites da democracia no país e expõe as restrições à liberdade de reivindicação por direitos. Sob a recorrente justificativa de manutenção da ordem pública, a lógica de guerra da repressão confunde todo manifestante com um inimigo e criminaliza os movimentos sociais. Vinculados a interesses econômicos privados, os governos dos Estados, que comandam a polícia, criam choques de interesses e geram crise de legitimidade, resolvida pela imposição da força.

Apesar de o país figurar entre as principais potências econômicas em escala mundial, ocupando a expressiva sexta posição, as manifestações revelam outra faceta da sociedade brasileira. A pluralidade de vozes nas ruas impõe o desejo de reconhecimento de uma realidade para além do “país da Copa do Mundo e das Olimpíadas”.

A onda de violência que tomou conta do país desde o início dos protestos contrasta com as interpretações reducionistas veiculadas pelos grandes meios de comunicação. Durante muito tempo, a invasão de policiais às casas de moradores de favelas, com prisão e morte, tem ficado na invisibilidade, justificada pela narrativa de repressão ao tráfico de drogas. Negar essa cultura da violência institucionalizada – após a repressão policial às manifestações, que rotineiramente tem ferido trabalhadores, estudantes e, mais recentemente, professores – tornou-se insustentável.

A sociedade não pode aceitar os abusos de autoridade promovidos pelas forças policiais no país e nem compactuar com um Estado repressivo, considerando as tristes lembranças de um tempo de retrocesso.

Manifestamos total apoio à efervescência transformadora vivida nas ruas de cidades de todas as regiões do Brasil. Apoiamos os professores e sua causa, não apenas por representarem uma categoria de trabalhadores no exercício de seus direitos, mas também por simbolizarem o contexto maior de um país que busca construir uma democracia de fato e uma sociedade mais igualitária e digna.

Queremos chamar a atenção das organizações internacionais de direitos humanos e da comunidade internacional para a luta contra a violência e as desigualdades no Brasil, sombreadas pela imagem do “país do futebol”. Denunciamos, assim, para além das fronteiras de nosso país, a histórica violência dos aparatos de segurança contra as populações pobres e minoritárias no Brasil, com práticas de extermínio no campo e nas cidades.

Por essas razões, repudiamos a forma como os diferentes níveis de governo no Brasil têm endossado as ações policiais de repressão à população manifestante. Defendemos com vigor que seja colocada em debate a PEC (Proposta de Emenda Constitucional) 51[1] que prevê a desmilitarização das forças de polícia no Brasil (ressaltando o grande atraso do país nesse aspecto, como já destacou a Organização das Nações Unidas)[2]. Assumimos o compromisso de levar adiante as ações de apoio a esse debate, colocando-o em pauta nos ambientes (acadêmicos e não-acadêmicos) de estudo, trabalho e pesquisa na França.


Assinam:

Coletivo Por que Cantamos?
Pesquisadores(as) e estudantes reunidos(as) na França – Paris 2013


Apoiam o manifesto:

APEB.fr – Associação dos Pesquisadores e Estudantes Brasileiros na França

Élen Cristiane Schneider – doutoranda em Sociologia UFRGS/ Universite Dauphine

Vanessa Moreira Sígolo –Sociologia USP/École des Hautes Etudes en Sciences Sociales

Nataly Netchaeva Mariz – Psicologia PUC/Rio de Janeiro

Argus Romero Abreu de Morais – Linguística – UFMG (doutorado)

Thiago Fortes Ribas – Filosofia UFPR (doutorado)

Indayara Bertoldi Martins – Pós-doutoranda Engenharia Elétrica

Caroline Mendonça A. Paixão – Física Programa Docência E. Superior

Wanderley Vitorino da Silva Filho – Doutorando UFBA / PPGEFHC

Eduardo Hoefel – Pós-doutorando matemática UFPR

Mariana Cabral Tomzhinsky Scarpa – Filosofia UFPR (doutorado)

Sheyla Castro Diniz – Unicamp/ USQV (doutorado)

Douglas Ochiai Padilha – Sociologia UFPR (doutorado)

Daniel Pereira Andrade – FGV-SP / Paris Ouest Nanterre

Gracielle Ferreira Andrade – Ciências Farmacêuticas (UFMG)

Patrícia Feitosa Souza – professora

Nicolas Tamasauskas – jornalista

Fábio José Santos de Oliveira – Teoria Literária USP / Paris 8

Fernando Henrique Martins da Silva

Sabira de Alencar Czernak – Doutorado psicologia clínica PUC/Rio de Janeiro / Paris V

Rodrigo Alvarenga – UFSC/Panthéon Sorbonne

Zilda Martins – Doutorado Comunicação UFRJ

Gisélia Castro Silva – Pós-doutorando UFBA


[1] Portal Atividade Legislativa – Senado Federal: http://www.senado.gov.br/atividade/materia / detalhes.asp?p_cod_mate=114516

[2] “Gestão da Segurança pública do Distrito Federal e Entorno”: Estudo do Escritório das Nações Unidas sobre crimes e drogas – UNODC.https://www.unodc.org/documents/lpo-brazil//noticias/2011/09-setembro/Diagnostico_Gestao_e_Governanca.pdf

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